Ipea revela que os mais escolarizados engrossam as filas de desempregados Pochmann, do Ipea, aponta “fator QI” como dificultador para pobres As relações sociais entre ricos e pobres ainda expõem as desigualdades do país, que premia os mais abastados em detrimento dos trabalhadores de menor renda, independentemente da escolarização. “Ser pobre, nas regiões metropolitanas brasileiras, é estar praticamente desempregado”, constatou o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, que emenda: “É estranha a interpretação de que quanto maior a escolaridade (do trabalhador), maior é a chance de emprego, porque isso não ocorre com os mais pobres”.
O presidente do Ipea chegou à conclusão após analisar estudo do órgão que trata da desigualdade no desemprego no Brasil metropolitano, que mostrou, por exemplo, que o contingente de pobres que estudaram 11 anos ou mais em busca de emprego é 3,7 vezes maior que o dos pobres analfabetos, que têm, ironicamente, mais facilidade de colocação no mercado de trabalho.
“Há uma barreira, do ponto de vista da inserção, para trabalhadores pobres, apesar da escolaridade. É o chamado QI, ou quem indica. Isso não ocorre com os menos escolarizados, porque esses não dependem das relações sociais para conseguir emprego”, avalia. O estudo do Ipea chegou a uma outra constatação preocupante: não só os mais pobres escolarizados, mas também os não pobres que estudaram — pessoas com renda per capita familiar superior a meio salário mínimo (R$ 232,5) — têm engrossado as filas de desempregados. Em julho deste ano, o desemprego entre os não pobres mais escolarizados foi 2,4 vezes maior que o dos não pobres analfabetos.
A pesquisa também indica uma piora nas relações de emprego e estudo nos últimos anos, apesar da diminuição da pobreza e do aumento da massa salarial de rendimentos dos trabalhadores. Em sete anos, o desemprego entre os mais escolarizados ficou maior tanto para pobres quanto para os não pobres, na comparação com os trabalhadores sem estudo. Em julho de 2002, o contingente de trabalhadores pobres em busca de emprego e com escolarização era 1,7 vez maior que o dos pobres analfabetos, atingindo 26,2% da população desempregada. Agora, mostra o Ipea, atinge 34,5% do total.
No caso dos não pobres escolarizados, o desemprego até caiu, de 6,2% da população em julho de 2002, para 4,7% no sétimo mês de 2009. Entretanto, aumentou a proporção, de 1,8 para 2,4 vsezes, do contingente dos pobres mais escolarizados ante à taxa verificada entre os não pobres analfabetos.
Correio Brasiliense, citado no site do Partido Socialista Brasileiro (PSB)
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